Hugo Motta Governador?

Adesivos em carros, conversas em rodas políticas e bastidores fervilhando no Sertão da Paraíba. A frase que tem chamado atenção nas últimas semanas é direta e provocativa: “Hugo Motta Governador”. O movimento, que começou de forma discreta, hoje já é visto nas ruas de cidades como Patos, São José do Bonfim, Santa Terezinha e outras da região, berço político do deputado federal e presidente do Republicanos na Paraíba.

Se até pouco tempo Hugo Motta evitava alimentar publicamente qualquer especulação sobre uma candidatura ao Governo do Estado em 2026, o cenário começa a mudar — ou, no mínimo, a ganhar contornos que fogem do controle dos discursos oficiais.

O próprio deputado, em algumas entrevistas, tem reiterado que sua prioridade é seguir em Brasília, onde exerce protagonismo na Câmara dos Deputados. No entanto, a mobilização crescente no Sertão — somada à sua influência partidária e capacidade de articulação nacional — acende um sinal de alerta (ou de oportunidade) dentro do bloco governista, liderado pelo governador João Azevêdo (PSB).

Sinal verde no Sertão?

A movimentação espontânea — ou, pelo menos, aparentemente não oficial — com os adesivos “Hugo Motta Governador” vem sendo interpretada por analistas políticos como um teste de aceitação. Um termômetro.

“Quando o povo começa a falar, é difícil conter”, disse à nossa reportagem um aliado próximo do deputado em Patos, que prefere não se identificar. “Há um sentimento de que o Sertão precisa, de fato, ocupar o protagonismo na política estadual. E quem hoje teria mais condições de bancar isso que Hugo?”

O tabuleiro do grupo de Azevêdo

O nome de Hugo Motta se soma a outros pesos-pesados que já se movimentam dentro do bloco governista. O atual vice-governador Lucas Ribeiro (PP) desponta como candidato natural, com a bênção do governador. Já o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), surge como opção robusta, amparado pela força da capital. Outro player importante é Adriano Galdino (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa, que não esconde sua disposição de também entrar no jogo.

Diferente dos demais, no entanto, Hugo carrega dois diferenciais: a força de sua base no Sertão e a capacidade de articulação em Brasília. Se decidir entrar de vez na disputa, o deputado teria acesso a recursos, apoios e estrutura que poucos conseguiriam mobilizar em tão pouco tempo.

E João, como fica?

O governador João Azevêdo terá que conduzir uma equação complexa. Deixar o processo rolar naturalmente pode gerar fissuras no grupo. Intervir cedo demais, por outro lado, pode criar resistências e feridas internas. Até aqui, Azevêdo tem adotado um discurso de unidade, sinalizando que só entrará no debate sobre sucessão em 2026. Mas, nos bastidores, o jogo já começou — e está longe de ser silencioso.

Hugo Motta topa?

Nos bastidores, aliados garantem que, embora publicamente adote cautela, Hugo Motta não descarta a possibilidade. A leitura é que, se o movimento ganhar corpo, com adesão de prefeitos, lideranças regionais e respaldo popular, a decisão poderá ser revista.

Seja movimento espontâneo ou ensaio estratégico, o fato é que a pergunta está lançada — e, mais do que nunca, reverbera nos quatro cantos da Paraíba:

“Hugo Motta Governador?”